22 de setembro de 2008

Obrigado Capitão!

Eu peço licença ao sol
Eu peço licença a lua
Eu peço licença as estrelas
Para chegar nessa casa sua

Marcha cantada pelo capitão José Pedro Simeão, no primeiro encontro do “Expedições Congadas Desenhantes”, 20 de setembro de 2008.

José Pedro Simeão é congadeiro que começou tarde no congo, aos sete anos de idade. Tarde porque desde pequenino já se pode ver na festa muitos meninos fardados, ainda no colo de suas mães. Tarde, porque congadeiro “começa mesmo a dançar o congo é na barriga da mãe, na gestação”.

Seu congo hoje é o Marinheiro de São Benedito; o Marinheirão, mas já foi o Catupê e o Sainha ou, ainda o são. Seu quartel, que é a residência de Mãe Selma, está aberto e quem quiser pode por lá chegar, mas Pedro não sabe dizer ao certo o nome da rua.

É! Os "popular" a gente procura por rumo e acaba achando por rumo também! Pra chegar lá talvez seja preciso procurar então por Rua do Marinheirão.

“Ah, agora já sei que o congo que tem lá na minha rua é aquele primeiro da lista!”, ouvi alguém lá no cantinho da sala. Essa lista estava pregada na parede com o nome e endereço dos 25 ternos que hoje formam a irmandade dos pretos de Uberlândia e esse congo era o São Benedito, lá da rua África número 205, mas que bem poderia se chamar rua do bendito santo.

Com o primeiro encontro do projeto Expedições Congadas Desenhantes ficamos um pouco sem o rumo; não que tenhamos ficado sem saber de nada ou deslocados do que ocorria ali, mas porque nosso capitão fala bonito, fala forte, fala certo e as coisas do congo, que também são as coisas da vida, do dia a dia, da educação, da disciplina, da brincadeira, da perseverança e da fé, foram se apresentando e chegando mais perto de cada um de nós.

Ficamos sem rumo porque sentimos a força e a energia do Congo; e aí choramos (para Ana) e também sorrimos.

Mas quartel é lugar pra firmar o braço e o pé, pegar o bastão, que é aquele elemento que dá proteção àqueles que estão no comando. Isso nos faz lembrar que o congo possui guarda, capitão, terno e possui coroa, reisado, espada, Rei e Rainha! Nos faz lembrar também de Zumbi dos Palmares que o capitão Zé Pedro muito bem enfatizou, esse negro guerreiro que construiu sua nação, e depois, guerreou e lutou para protegê-la: “luto pelo que Zumbi lutou, para proteger o meu povo”.

Pedro é também Zumbi. Obrigado Capitão!

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